segunda-feira, 16 de julho de 2012

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM CRIANÇAS COM DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM


001.jpg (400×272)DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
CRIANÇAS COM DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM


O objetivo deste trabalho é destacar a importância do lúdico no processo de aprendizagem e no atendimento da criança e do adolescente com problemas escolares. A maioria destes jovens chega rotulada. Rótulos que os impedem de caminhar. Segundo os pais ou as entidades responsáveis por seu encaminhamento, eles têm dificuldade de aprender, são desatentos, lentos, vivem no mundo da lua, não prestam atenção a nada, só falam bobagem. Diante de toda essa escuta se percebe que o causador de todo esse desconforto, muitas vezes não se deu conta dessa dificuldade. Daí a importância do acolhimento para que o jovem possa se abrir e assim em conjunto possamos observar, analisar e criar condições de tentar " auxiliá-lo a resolver suas dificuldades". Tenho observado também que esse espaço tem permitido aos pais falarem das suas dúvidas, incertezas e mesmo de seus conflitos, ao buscarem ajuda para os filhos descorem que podem ser ajudados. Recebemos há alguns meses, aqui no ambulatório N., 12 anos, 5 série, uma adolescente, cuja queixa principal era dificuldade escolar. As observações enviadas pela escola eram de que a adolescente tinha dificuldade de assimilar conteúdos, era tímida, não falava e permanecia o tempo todo de cabeça baixa. Ao chegar para a avaliação psicopedagógica, sentou, abaixou a cabeça e a mãe narrou seu caso. Segundo a mãe, a gravidez foi muito difícil, não fora planejada, e que na escola e em casa as coisas estavam cada dia mais complicadas. A mãe falava muito. Enquanto a mãe falava N. aos poucos foi levantando a cabeça e me olhava sem fazer comentários. Depois de colher as informações que só a mãe podia fornecer pedi que ela nos deixasse, para que pudéssemos conversar. N. ainda me parecia assustada. Tentei iniciar uma conversa, mas em vão. Sobre a mesa estava um saquinho de plástico e expliquei que dentro tinha um jogo, se ela gostaria de olhá-lo. Pegou, olhou e colocou de novo sobre a mesa. Perguntei se gostaria que eu abrisse. Balançou a cabeça de forma afirmativa. Então pedi para que me ajudasse a esparramar as peças do quebra-cabeça. Indaguei se sabia o que era. Balançou a cabeça afirmativamente. Olhava cada pedaço, como que procurando algo conhecido. De repente exclamou: Olha a Sândi! E foi ai que começou tudo! Diante de situações como esta, onde o adolescente se mostra sem recursos para mudar a forma de enfrentar a vida, um dos meios facilitadores é o jogo, pois nele suas dificuldades, seus medos podem ser expostos. Foi o modo que encontrei para estabelecer nosso primeiro contato. Era como se ela estivesse tentando juntar as peças da sua vida. O quebra cabeça, escolhido, trazia as fotos de Sandy e Jr. Dois jovens muito apreciados pelos adolescentes, o que de possibilitou esta abertura. Chegamos a trabalhar mais um quebra cabeça, mas ela mais não voltou. Essa é uma dificuldade presente, quando a família não está disposta a aceitar mudanças. No último encontro, já se notava alguma diferença ainda que muito tênue. Já não permanecia mais de cabeça baixa, já começava a esboçar alguns comentários, a mãe relatou que ela adorava cantar, e que havia pedido para fazer parte do coral do grupo de jovens da sua igreja. Com relação a esta adolescente, alguns conceitos necessitavam de mais trabalho.Percebeu-se, a falta de estimulação de alguns pré-requisitos necessários sua alfabetização, aqueles estimuladores que põe a criança em contato primeiro com o mundo com a vida e que mais tarde estimularam sua aprendizagem. Destacamos habilidades importantes para que o caminho escolar seja menos árduo. Com relação a esta adolescente em especial, alguns conceitos necessitavam serem mais elaborados como imagem corporal, lateralidade, orientação temporal. Por isso tenho procurado em minhas abordagens fazer uso do lúdico, considero uma técnica importante, no tratamento destas e outras questões relacionadas a aprendizagem. Porque permite perceber as dificuldades e conversar sobre elas de modo a estabelecer caminhos para superá-las. O lúdico é para crianças, adolescentes e adultos, uma possibilidade de desenvolver o afetivo, o motor, o cognitivo, o social, o moral e possibilita também aprendizagem de conceitos. Quando se discute o uso de jogos na educação, aparecem duas correntes há autores que destacam sua importância e outros assinalam seus limites e cuidados. É importante essa ressalva pois no contexto educativo, o jogo deve ser usado de maneira justa para que não venha substituir a realidade. Antes de continuar vamos definir o que é jogo e o que são brincadeiras. Segundo o Aurélio: Jogo é uma atividade física ou mental organizada que por um sistema de regras definem quem perde ou ganha. Brincadeira: passatempo, entretenimento. Destacamos alguns autores e suas posições sobre a importância dos jogos e brincadeiras na vida do ser humano. Freud em " O poeta e a fantasia" diz: " Não deveríamos procurar os primeiros traços das atividades poéticas já nas crianças? Talvez devêssemos dizer: Cada criança em suas brincadeiras comporta-se como um poeta, enquanto cria seu mundo próprio, ou, dizendo melhor: enquanto transpõe os elementos formadores de seu mundo para uma nova ordem, mais agradável e conveniente para ela ".Na ótica da teoria da psicologia genética, tendo Piaget como uma das principais expressões, " o brincar representa uma atividade por meio da qual a realidade é incorporada pela criança e transformada quer em função dos hábitos motores ( jogos de exercícios) quer em função das necessidades do seu eu ( jogo simbólico) ou em função das exigências de reciprocidade social ( jogos de regras)". Winnicott, diz que " é no brincar, e somente no brincar que o indivíduo, criança ou adulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral: e é somente sendo criativo que o indivíduo descobre o eu." Macedo defende os jogos especialmente os de regra porque criam um contexto de observação e diálogo sobre os processos de pensar e construir o conhecimento de acordo com os limites da criança. A técnica do jogo em psicanálise foi elaborada por Melanie Klein, Ana Freud e outros que aprofundaram o simbolismo inconsciente do jogo. Para Melanie Klein, brincando a criança expressa de modo simbólico suas “phantasias”, seus desejos e suas experiências vividas (1977, 26). Para Vygotsky, o brincar tem origem na situação imaginária criada pela criança, em que desejos irrealizáveis podem ser realizados com a função de reduzir a tensão e ao mesmo tempo, para construir uma maneira de acomodação a conflitos e frustrações da vida real. Logo é importante entender o lugar que o jogo ocupa para que possa ser usado de forma adequada. Ele só é educativo quando o educador o desenvolve com o objetivo e intencionalidade, caso contrário é apenas uma brincadeira. Pode-se dizer que o jogo está muito ligado ao próprio funcionamento da inteligência uma vez que a sua construção depende de uma série de assimilações e acomodações que a pessoa faz ao longo da vida. O cérebro, no entanto, não é um sistema de funções fixas e imutáveis, mas um sistema aberto, de grande plasticidade, cuja estrutura e modos de funcionamento são moldados ao longo da história da espécie e do desenvolvimento individual. Como as possibilidades humanas são tantas que essa plasticidade pode ser usada de tal sorte que não são necessárias transformações no órgão físico. Quando a criança ou o adolescente joga com regras exercita todas as suas funções intelectuais mesmo que esta seja de natureza metafórica. Com o tempo a criança vai distinguindo os diferentes jogos e percebendo que alguns necessitam de um grande esforço e concentração, sem deixar de lado o caracter prazeroso da ação. É importante destacar que o jogo por si só não permitirá o desenvolvimento e a aprendizagem mas sim a ação de jogar é que desenvolve a compreensão. Mas também no lúdico é importante que o aluno seja percebido como ele é, mesmo apresentando dificuldades, e que o programa de atividades esteja voltado para atender as suas necessidades. Por possuir regras supõe-se que o jogo tenha organização e coordenação que o inserem num quadro de natureza lógica. É necessário conhecer as regras, compreendê-las, e praticá-las exigindo um exercício de operação e cooperação. Ao jogar acontece uma série de relações, de encaixe parte e todo, de ordem, de antecipação e de retroação. Como o jogo envolve operações entre pessoas, contato social, a situação problema que o jogo oferece dá ao participante oportunidade de empregar procedimentos cooperativos para alcançar o objetivo que é ganhar. O jogo assume um significado funcional onde a realidade é incorporada pela criança e transformada, de acordo com seus hábitos motores, com as necessidades do eu e em função das exigências do social. Piaget dedicou-se a estudar os jogos e chegou a estabelecer uma classificação de acordo com a evolução das estruturas mentais. Para Piaget os jogos são classificados em: Jogos de exercícios - de zero a 2anos; Jogos de Símbolos - 2 a 7anos; Jogos de Regras - a partir dos 7anos. Jogos de ExercíciosO período sensório-motor (0 a 2 anos) se caracterizam pela satisfação das necessidades básicas. O jogo consiste em rituais ou manipulações de objetos em função dos desejos e hábitos motores da própria criança. Aos poucos a criança vai ampliando seus esquemas, adquirindo cada vez mais prazer através de suas ações. O prazer é que traz significado para as suas ações. O ato de sugar é tão importante. O bebê mama não apenas para sobreviver, mas porque descobre o prazer de mamar à medida que sacia a sua fome. Nesta fase outras conquistas vão surgindo (engatinhar, andar, falar) são todas atividades cheias de prazer. Ele prefere o chão, onde ensaia os primeiros passos, emite os primeiros sons na tentativa de imitação da fala, se dedica a observar mãos e pés, descobrindo o seu corpo. Ao observar estas condutas a criança percebeu que ao repetir as ações existia um prazer em fazer funcionar, em exercitar o que já havia aprendido. Mas apesar de adultos não deixamos de utilizá-lo. Quando compramos um eletrodoméstico, ou qualquer aparelho que ainda não dominamos, ligamos e repetimos varias vezes as operações até termos certeza de que podemos fazê-lo funcionar. Neste momento sentimos enorme prazer em ter o poder e controle sobre a máquina. Os jogos simbólicosCompreende de 2 aos 7 anos aproximadamente. É a fase do faz de conta, da representação, do teatro, onde uma coisa simboliza outra. Uma vassoura pode virar um cavalo, e ao brincar com as bonecas pode representar o papel de mãe. A criança é capaz porque já estruturou as imagens mentais, já domina a linguagem falada com a qual pode se expressar. Os jogos simbólicos têm características que lhes são próprias: liberdade de regras, desenvolvimento da imaginação e fantasia, ausência de objetivos, ausência de uma lógica da realidade, adaptação da realidade aos seus desejos. Nesses momentos vivência aspectos de sua realidade muitas vezes difíceis de elaborar: a chegada de um irmão, morte de alguém, mudança de escola. Bruno Betttlheim nos conta o caso de uma menina de 4 anos, que diante da gravidez de sua mãe, passou por um processo de regressão. Mesmo sendo orientada pela mãe, começou a molhar-se, sua alimentação tinha de ser feita pela mamadeira e voltou a engatinhar. Esta situação foi muito incômoda para a mãe, mas ela não tentou impedir a regressão. Meses depois, a situação era outra, brincava com as bonecas de forma até mais carinhosa. O medo de que com a chegada do novo bebê, a mãe pudesse privá-la de todas as gratificações, levaram-na a comportasse desse modo. Mas como deixaram-na agir, aos poucos foi percebendo que ficar molhada não era tão bom, como havia imaginado; que só a mamadeira era desvantagem diante de uma grande variedade de outros alimentos; que correr e saltar eram muito melhor que engatinhar. Parou de brincar que era um bebê e resolver brincar de ser mãe. À medida que a criança vai se desenvolvendo passa para estágios mais avançados, as atividades têm a tendência de serem mais imitativas, busca coerência com a realidade. Jamais a criança brinca tentando colocar uma boneca grande numa caminha pequena. Jogo de regrasCom os progressos da socialização da criança e o desenvolvimento de suas estruturas intelectuais, o jogo egocêntrico é abandonado. O convívio social é mais interessante. As obrigações são impostas por intermédio das relações de reciprocidade e cooperação do grupo. O jogo de regras é necessário para que as convenções sociais e os valores morais de uma cultura sejam transmitidos. As estratégias de ação, a tomada de decisão, a análise dos erros, lidar com perdas e ganhos, replanejar jogadas em função dos movimentos dos adversários, tudo isso é importante para o desenvolvimento das estruturas cognitivas de cada pessoa. O jogo provoca conflitos internos, a necessidade de buscar uma saída, e é desses conflitos que o pensamento sai enriquecido, reestruturado e apto para lidar com novas transformações. Jogos na escola. Depois das observações feitas acima vimos que a escola não pode prescindir deste recurso. Na escola a construção do conhecimento pode ser feita de forma prazerosa garantindo uma motivação para aprendizagem. O jogo vai depender da etapa em que cada aluno se encontre. Se estão aprendendo a escrever seu nome ou palavras de sua língua, a escola pode lhe propor jogos de exercícios a fim de que os esquemas de ação motora tão necessários para que esta tarefa seja adquirida. Quando já se encontra numa fase mais avançada é a vez dos jogos simbólicos, serem chamados a cena, entonação, o brincar com a linguagem num constante recriar. Nas séries mais avançadas (adolescência) é a vez do de regras, onde as atividades em grupo são bastante valorizadas para que as convenções sociais e os valores morais de uma cultura possam ser transmitidos. Importância do jogo na vida futuraO processo de aprendizagem lúdica bem como o processo cognitivo visa a sua preparação para o futuro. Neste inclui sua inserção no mercado de trabalho. Ter capacidade de ver o trabalho como algo criativo, na medida em que nele se estabelecem relações gratificantes. Do jogo simbólico pode se herdar a possibilidade de experimentar papeis, representar, dramatizar, recriar situações do dia a dia. O jogo para a psicopedagogiaPara o diagnóstico psicopedagógico a atividade lúdica é um rico instrumento de investigação, permite ao sujeito se expressar livre e de forma prazerosa. Para o psicopedagogo é uma importante ferramenta de observação sobre a simbolização e as relações que este estabelece com o jogo, permitindo a formulação de hipóteses e diagnósticos para uma posterior intervenção.


dificuldade-de-aprendizagem.jpg (420×279)


DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM O QUE SÃO? COMO TRATÁ-LAS?


O ensino nas instituições do governo é da pior qualidade. Falo com a experiência de vários anos como supervisora de estágio na área de psicologia escolar, uma vez que os grupos de estagiários sob minha supervisão permanecem por um ano nas instituições de ensino da rede pública, e tem por tarefa realizar um diagnóstico e desenvolver um projeto de intervenção que atenda as principais necessidades da escola
Percebemos que muitos materiais literários estão sendo lançados na psicopedagogia que até pouco tempo, tinha carência de materiais científicos específicos para a área. Este novo lançamento do seu livro "Dificuldades de Aprendizagem" O que são? Como trata-las, é a primeira obra da psicopedagogia que explica a leigos o trabalho do psicopedagogo e sobre as diversas faces das dificuldades de aprendizagem. Era esta a sua intenção? Por que?
A motivação para a elaboração do Livro "Dificuldades de Aprendizagem.O que são? Como tratá-las? "foi criar um material que pudesse facilitar o enquadre junto à criança (e/ou adolescente) e seus pais, quando houvesse indicação para uma intervenção psicopedagogica. Essa necessidade surgiu da minha experiência enquanto supervisora de estágio em atendimento psicopedagógico clínico na PUC/SP. Frente à dificuldade dos estagiários em esclarecer, à criança e à família, como e porquê seria conduzido o processo de intervenção, ocorreu-me que um material ilustrado, através do qual, os personagens envolvidos no processo pudessem se identificar, poderia se constituir num instrumento valioso para o Psicopedagogo.Ao longo da trajetória de criação do material, outras demandas foram se acrescentando a motivação inicial, como por exemplo: a importância de auxiliar o professor no momento do encaminhamento do aluno com dificuldades; o esclarecimento aos acadêmicos da área da educação e da psicologia à respeito da especificidade da psicopedagogia; uma contribuição acerca da complexidade do processo de aprendizagem escolar, etc...Por fim, quando depois de pronto, passei a testá-lo, a fim de verificar sua eficácia antes da publicação, constatei o efeito terapêutico produzido pelos movimentos de identificação e projeção, das crianças que, ao se reconhecerem no personagem e nas situações presentes no livro, sentiam-se compreendidas e acolhidas. Só a título de esclarecimento, sem muito rigor teórico, estou chamando de identificação "ao processo psíquico de se reconhecer em um elemento externo" e de projeção "o processo psíquico de atribuir ao elemento externo, aspectos do mundo interno."
Este é um livro que deverá estar nas instituições e nos consultórios já que claramente existe a preocupação com a qualidade do material, imagens e a didática empregada nas questões/respostas que surgem a cada momento no processo daqueles que procuram e necessitam de um trabalho psicopedagógico?
De fato, a intenção, é que este material esteja tanto na clínica, como nas instituições de ensino em geral, e que possa ser utilizado de forma criativa, em vários momentos do processo. Que possa ainda ser manuseado muitas vezes, por isso a preocupação com o papel e que as imagens (ilustrações) superem o alcance da linguagem escrita.
Você é autora também do livro "A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática". A quem se direciona este livro e qual a abordagem?
O livro " A Psicopedagogia no Brasil : contribuições a partir da prática"é direcionado à psicopedagogos, estudantes de psicopedagogia e aos profissionais da educação e da psicologia interessados em conhecer o campo da psicopedagogia. Nesse livro, através de uma abordagem da prática procurei sistematizar os fundamentos da psicopedagogia. No capítulo I procuro definir a psicopedagogia, seus fundamentos epistemológicos e seu objeto de estudo, contextualizando-a.Nos capítulos II e III discuto a especificidade dessa prática, a questão da formação, o código de ética e os limites e as possibilidades da psicopedagogia frente a realidade brasileira. Nos capítulos IV e V procuro ilustrar, através de fragmentos de casos, a prática clínica e institucional, e comparo a prática psicopedagógica com outras práticas, ou seja, procuro delimitar nosso campo de atuação.Por fim, nas considerações finais trato da questão da identidade do psicopedagogo brasileiro , que foi sendo tecida ao longo dos capítulos do livro.
Como organizadora e autora lançou outros três livros "Avaliação psicopedagógica da criança de 0 a 6 anos"; "Avaliação psicopedagógica da criança de 7 a 11anos" e "Avaliação psicopedagógica do Adolescente", como é trabalhar com profissionais com outras abordagens psicopedagógicas?
A complexidade do fenômeno em questão - a aprendizagem humana - tem a dimensão da própria vida. Costumo trabalhar com uma definição de aprendizagem inspirada em Bleger. Em Psicologia da Conduta, Bleger nos diz que "a conduta e a personalidade têm um desenvolvimento no qual vão se organizando progressivamente, respondendo a um processo dinâmico no qual podem se modificar de maneira mais ou menos estável. Chama-se aprendizagem esse processo pelo qual a conduta modifica-se de maneira estável à raiz das experiências do sujeito."Portanto, embora o conceito de aprendizagem tenha sobre si o peso da tradição intelectualista, abarca muito mais. Por isso, a despeito da importância que esse aspecto possa ter, ele é só uma parte da aprendizagem total que o ser humano realiza.
A meu ver, essa definição de aprendizagem, por si só, justifica o caráter multidisciplinar da psicopedagogia. Assim, é imprescindível que o psicopedagogo tenha flexibilidade e abertura para integrar, articular e compartilhar conhecimentos e experiências com profissionais, cujas abordagens sejam distintas a sua. Não se pode perder de vista que trata-se de um mesmo fenômeno, analisado através de perspectivas diferentes e que não são excludentes, ao contrário, se complementam. Por isso, para mim trabalhar com profissionais com outras abordagens psicopedagógicas é sempre uma experiência muito enriquecedora.
Como doutora em Psicologia da Educação e Psicopedagoga, poderia esclarecer aos nossos leitores a diferença entre estes dois trabalhos, a Psicologia da Educação e a Psicopedagogia, já que estamos vivendo um momento em nossa profissão onde estes dois aspectos são confundidos por aqueles que desconhecem o trabalho do psicopedagogo?
No meu livro "A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática", logo na introdução faço uma discussão à respeito da diferença entre as denominações Psicologia Educacional, Psicologia Escolar e Psicopedagogia. Aqui, sem estender sobre o assunto, posso dizer que tradicionalmente a Psicologia da Educação diz respeito a uma área que estuda a utilização dos conhecimentos teóricos da Psicologia às questões da Educação. Trata-se portanto, de um campo teórico que vai resultar em teorias da Educação. Diferentemente, a Psicopedagogia consiste numa área de aplicação, que recorre à conhecimentos das diversas áreas que estudam o fenômeno humano na compreensão do processo de aprendizagem. Quero ressaltar que não se trata, como costuma-se pensar, na aplicação da psicologia à pedagogia.
Como você vê a evolução da Psicopedagogia no Brasil nestes últimos anos?
Em certos aspectos vejo a evolução da Psicopedagogia no Brasil nestes últimos anos com otimismo.Por exemplo, no que se refere ao conhecimento que vem sendo produzido através de dissertações, teses e outras pesquisas. Por outro lado, preocupa-me a proliferação de cursos de psicopedagogia em Instituições que visam apenas a parte financeira, e conseqüentemente geram práticas irresponsáveis em nome da psicopedagogia
O que pensa sobre a regulamentação da profissão do psicopedagogo?
A regulamentação da profissão é extremamente delicada. Seu aspecto positivo reside no fato de que talvez pudesse nos preservar da proliferação de cursos sem qualidade, bem como de práticas irresponsáveis que possam comprometer a credibilidade da psicopedagogia. Existe ainda o fato de que sendo uma profissão regulamentada ficam assegurados certos espaços de atuação como por exemplo, criação da carreira para nomeação de cargo em instituições governamentais. No entanto, parece-me que frente a oposição de outros profissionais à regulamentação da profissão ( diga-se de passagem meramente uma questão de reserva de mercado ), o psicopedagogo encontra-se despreparado, correndo o risco de desencadear uma problemática que acabe por restringir sua atuação .
Como anda o ensino nas instituições do governo e instituições particulares?
O psicopedagogo já se faz presente de forma significativa? 
Esta é uma questão que me mobiliza profundamente. O meu desejo é falar sobre este ponto por horas a fio, para demonstrar minha indignação com o descaso dos nossos governantes frente a educação no nosso pais. O ensino nas instituições do governo é da pior qualidade. Falo com a experiência de vários anos como supervisora de estágio na área de psicologia escolar, uma vez que os grupos de estagiários sob minha supervisão permanecem por um ano nas instituições de ensino da rede pública, e tem por tarefa realizar um diagnóstico e desenvolver um projeto de intervenção que atenda as principais necessidades da escola.O que temos constatado através dessas experiências é um caos absoluto. Podemos dizer que ao concluírem a 8a. série os alunos mal sabem escrever. É lamentável. Em relação as instituições particulares, podemos dizer que uma pequena parcela prima de fato pela qualidade de ensino, as demais são empresas com fins lucrativos, o que vale inclusive para o ensino de Terceiro Grau. Quanto ao psicopedagogo, este se faz presente, mas no sentido de receber das escolas o encaminhamento de alunos com dificuldades de aprendizagem, do que propriamente como psicopedagogo institucional. Porém, tenho observado recentemente uma crescente demanda em relação ao psicopedagogo nas instituições particulares e até mesmo a iniciativa de alguns municípios na implantação da carreira de psicopedagogo institucional.
Efeitos das Dificuldades de Aprendizagem da Matemática


Os efeitos das dificuldades de aprendizagem da matemática geralmente são diversos e vão além da área acadêmica especifica, afetando áreas como a atenção, a impulsividade, a perseverança, a linguagem, a leitura e a escrita.


Área de dificuldade: Atenção seletiva


Amostra de condutas


·  Parece não conseguí-lo.
·  Distraí-se com estímulos irrelevantes.
·  Conexões e desconexões.
·  Fadiga-se facilmente quando tenta concentrar-se.
Área de dificuldade: Impulsividade
Amostra de Condutas
·  Buscas curtas.
·  Trabalha rápido demais e por isso, comete erros por descuidos.
·  Não usa estratégias de planejamento.
·  Frusta-se facilmente.
·  Ainda que se conceitualize bem, é impaciente com detalhes.
·  Cálculos imprecisos.
·  Desatenção ou omissão de símbolos.
Área de dificuldade: Perseveração
Amostra de condutas
·  Tem dificuldade em mudar de uma operação ou um passo para outro.
Área de dificuldade: Inconsistência
Amostra de condutas
·  Resolve os problemas em um dia, mas no outro não.
·  É capaz de grande esforço, quando motivado.
Área de dificuldade: Automatização
Amostra de conduta
·  Não examina o trabalho.
·  Não pode indicar as áreas de dificuldade.
·  Não revisa previamente as provas.
Área de dificuldade: Linguagem/Leitura
Amostra de conduta
·  Tem dificuldades na aquisição do vocabulário matemático. Confunde dividido por/dividido entre; centena/centésimos; MMC/MDC; 4 menos X/ 4 menos X; antes/depois; mais/menos.
·  A linguagem oral ou escrita se processa lentamente.
·  Não pode nomear ou descrever tópicos.
·  Tem dificuldade em decodificar símbolos matemáticos.
Área de dificuldade: Organização espacial
Amostra de conduta
·  Tem dificuldade na organização do trabalho ba página.
·  Não sabe sobre qual parte do problema centrar-se.
·  Tem dificuldades representando pontos.
·  Perde as coisas.
·  Tem dificuldades para organizar o caderno de anotações.
·  Tem pouco sentido de orientação.
Área de diculdade: Habilidades grafomotoras
Área de condutas
·  Formas pobres do números, das letras e dos ângulos.
·  Alinhamento dos números inapropriados.
·  Copia incorretamente.
·  Necessita de mais tempo para complentar um trabalho.
·  Não pode escutar enquanto escreve.
·  Trabalha mais corretamente no quadro-negro do que no papel.
·  Escreve letra de forma em vez de letra cursiva.
·  Produz trabalhos sujos, com rasura, em vez de apagar.
·  Tem ineficaz domínio do lápis.
·  Escreve com os olhos muito próximos ao papel.
Área de dificuldade: Memória
Amostra de condutas
·  Não memoriza a tabuada de multiplicar.
·  Apresenta ansiedade frente a testes.
·  Ausência do uso de estratégias para o armazenamento de informações.
·  Pode recordar apenas um ou dois passos de cada vez.
·  Parte números ou letras.
·  Inverte seqüência de números ou letras.
·  Tem dificuldade para recordar seqüências de algorítmos, estações e meses, etc.
Área de difilculdade: Orientação no tempo
Amostra de condutas
·  Tem dificuldades em trabalhar com as hora.
·  Esquece ordem das aulas.
·  Chega muito cedo ou muito tarde à aula.
·  Tem dificuldades em ler o relógio analógico.
Área de dificuldade: Auto-estima
Amostra de condutas
·  Acredita que nem o maior esforço irá levá-lo ao êxito.
·  Nega a dificuldade.
·  É muito sensível a críticas.
·  Opõe-se ou rechaça ajuda.
Área de dificuldade:Habilidades sociais
Amostra de condutas
·  Não capta os códigos sociais.
·  É amplamente dependente.
·  Não adapta a conversação de acordo com a situação ou com audiência.
Texto extraido do livro: Manual de Dificuldades de Aprendizagem - Jesus Nicasio Garcia - Ed. Artmed. pg: 224 e 225.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Dicas para um bom plano de aula!


 Dicas para um bom plano de aula!
Os OBJETIVOS abrangem seis grandes áreas do conhecer:

• Conhecimento – Conhecer, apontar, criar, identificar, descrever, classificar, definir, reconhecer e relatar no final, pois, se trata de RE.
• Compreensão – Compreender, concluir, demonstrar, determinar, diferenciar, discutir, deduzir, localizar, reafirmar no final por causa do RE.
• Aplicação – Aplicar, desenvolver, empregar, estruturar, operar, organizar, praticar, selecionar, traçar. Não tem RE.
• Análise – Analisar, comparar, criticar, debater, diferenciar, discriminar, investigar, provar. Não tem RE.
• Síntese – Sintetizar, compor, construir, documentar, especificar, esquematizar, formular, propor, reunir, voltar. Não tem RE.
• Avaliação – Avaliar, argumentar, contratar, decidir, escolher, estimar, julgar, medir, selecionar. Não tem RE.

Todo OBJETIVO tem que ter um verbo do CONHECIMENTO e outro da AVALIAÇÃO. Objetivo não se repete verbo. (+ ou – 5)

COMPETÊNCIAS – Tem que ter verbos da COMPREENSÃO e da APLICAÇÃO. (+ ou – 3)

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO OU EIXO TEMÁTICO – CONTEÚDO PROGRAMÁTICO quando for sobre a apostila/livro na sua totalidade e EIXO TEMÁTICO quando for apenas de uma parte/capítulo.

METODOLOGIA – Aula expositiva dialógica (Vice-Versa), exposição via televisão ou via televisão/DVD de filme, documentário, clipe e etc. Exposição de transparências via retro projetor, elaboração de fichamentos, resumos de textos pré-selecionados, mapeamentos, resolução de exercícios, aplicação de mini aulas, utilização de recursos instrucionais (giz, quadro, apostila, TV, dvd).

AÇÃO DIDÁTICA – Separada por momentos, descreve de maneiro breve o que se vai trabalhar na sala de aula, só pode ter verbos terminados em MENTO e AÇÃO. (+ ou – 3) Exemplo:

Primeiro Momento

Segundo Momento

Terceiro Momento

HABILIDADES – O que o aluno deverá desenvolver/adquirir durante as aulas, usando os verbos no substantivo, terminado em MENTO ou AÇÃO.

AVALIAÇÃO – Forma com que o aluno será avaliado pelo professor. Pode usar verbos sem o R, como por exemplo: CANTAR – CANTA. (+ ou – 3)

BIBLIOGRAFIA - Apostila ou livro onde se teve o embasamento para a aula.
Fonte : http://popnews.wordpress.com/